18 janeiro 2014

Mais uma vez acordei atrasada para ir ao colégio, aquele despertador era o mesmo que nada, o som era extremamente baixo ou então eu, nos meus sonhos profundos, não ouvira tocar. No colégio já haviam reclamado não sei quantas vezes pelo os meus atrasos constates, mas o que eu podia fazer? Claro, acordar cedo, mas que graça tinha ir à um colégio onde eu era novata e ainda por cima só tinha uma amiga? Me sentia solitária e com medo de que essa minha única amiga faltasse a aula, ai sim, estaria completamente solitária.

"Está atrasada novamente, não é mesmo dona Júlia?", com as mãos na cintura e uma expressão de autoridade minha mãe conseguia me tirar de qualquer desvaneio que tivesse. Levantei da cama e fui direto para o banho e em seguida tomei um café quentinho ainda de toalha. "A senhorita realmente acha que está podendo ficar relaxada assim, não é? Deixa eu te lembrar, você está a-tra-sa-da! Se apresse!!", que mania minha mãe tinha de me chamar de 'dona' ou 'senhora' quando estava me dando bronca. Mas obedeci calada.

Chegando no meu quarto, coleguei minha calça jeans clara, meu tênis de oncinha e a farda horrível do colégio. Fiz uma maquiagem levinha e depois me olhei no espelho. Cabelos castanhos escuros com mechas mais claras, cara pálida e cheia de sardas, baixinha e os olhos da mesma cor do cabelo. É, é por isso que não tinha meninos atrás de mim naquele colégio, eu era muito comum, sem atrativos e ainda esquisita pelo fanatismo por história. Nossa, aquela matéria era tudo, a perfeição, como conseguiam odiá-la? Os únicos dias que não me atrasava é quando tinha aula de história nos primeiros horários. 

"Vamos, dona Júlia! A caminhada até o colégio não é tão pequena como talvez você esteja achando, espero que consiga chegar pelo menos no segundos horário!", e novamente aquele 'dona' e a voz rígida me fizeram despertar do meu desvaneio. Peguei minha bolsa e um casaco e sai correndo.
...

"Atrasada novamente! Não é possível, Júlia Franco. Quero que vá conversar com o orientador do ensino médio no intervalo. Você já é segundo ano, ano que vem tem vestibular, esperava mais responsabilidade.", e foi assim que fui recebida no meu adorável colégio pela minha querida coordenadora. Não era falta de responsabilidade, era só sono e desprazer ao pensar nesse colégio, ok, irresponsabilidade. "Tudo bem", falei pouco na intenção de ela se tocar que o discurso típico dela era exagero e inútil. 

 "Posso entrar, professora?", quase sem voz, interrompi a aula de matemática do segundo horário. "Faça o favor, querida", não sei porque, mas esse 'querida' me soava tão falso... entrei e me acomodei na cadeira no fundo da sala. Odiava sentar lá, pois não conseguia aprestar atenção na aula direito, já que de lá eu conseguia ver toda a zoeira e as conversas paralelas existentes durante a aula. Mas me esforcei em ficar atenta à professora, porque desenhar na mesa durante a aula de uma das matérias mais complicadas não é muito inteligente, como fazia um menino coberto até a cabeça pelo casaco de capuz sentado perto de mim.

"Estão dispensados", logo após essa frase relaxante da professora, escutei um coro "Até que enfim". Mais três aulas se passaram e eu estava apreensiva para o intervalo, o que será que o orientador me diria ou faria? Ele mandaria a coordenadora me dá uma suspensão por eu ser uma irresponsável sem conserto? Deus queria que não.
...

Nunca tinha entrado e nem ouvido falar de alguém que já esteve nessa sala antes. Era um sala pequena com apenas uma cadeira, onde o orientador aparentemente ficava, uma mesa na frente dessa cadeira e mais duas atrás da mesa, onde eu sentaria para receber o meu julgamento. E por ultimo um sofá de couro branco no canto da sala. Tinha também uns objetos de decoração e uns três quadros, mas nada muito glamouroso como a sala da diretora ou da coordenadora. Pelo menos tinha ar condicionado. 

Fiquei sentada no sofá com minha bolsa do meu lado e enquanto eu esperava o orientador, fiquei lendo sobre a revolução francesa. "Bom dia, ótimo assunto a ser estudado, sente-se em uma dessas duas cadeiras e vamos começar.", aquele era meu orientador?!?! Meu Deus, ele é tão... é tão... Que olhar ele tinha, parecia que conseguia ver por dentro de mim! Seus olhos estavam concentrados fortemente nos meus, era tanto que senti até um choque. Não era sempre que um par de olhos azuis me encaravam tão intensamente assim. 

Me levantei meio envergonhada, sentei na cadeira da direita em frente a ele, até que sua voz grossa voltou a dominar a acústica da pequena sala.

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Blogueira: Laysse Cavalcanti

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